DE ESPERANÇA EM ESPERANÇA

Artigo 023

Neste tempo de pandemia os horizontes parecem apequenar-se. Tudo tende a ficar opaco. O brilho da vida parece esvair-se. O alcance do olhar se encurta. Corremos o risco de perder o horizonte, vendo apenas o imediato. A história parece perder sua dinamicidade. A pergunta brota espontânea: O que esperar nesta crise que parece não ter fim? Onde encontrar as razões para cultivar a esperança neste contexto de morte? Qual a real esperança que cultivamos como consagrados?

Nada melhor do que começar com um testemunho. O Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo (de saudosa memória) não se cansava de anunciar a esperança. Na cruel realidade da ditadura militar, nos anos de 1970, sofrendo perseguição e difamação, Dom Paulo Evaristo, com sua palavra evangélica forte e clara, e um sorriso pacificador espalhava esperança. Lembro-me de suas palavras: “Procuro ser um pastor anunciador da esperança. Não podemos deixar que ninguém nos roube a esperança  de que amanhã será melhor. É Deus que nos dá esta certeza. Os pobres cultivam a virtude da esperança,pois sempre repetem ‘amanhã será melhor’. O soberbo e o avarento vivem de cálculo. Não cultivam em seus corações a esperança”. 

Confesso que fazendo memória destas palavras me pergunto: a Vida Religiosa Consagrada cultiva a esperança ou prefere confiar mais nos cálculos?  Onde e em quê colocamos nossa esperança? Mais tarde descobri que o lema episcopal de Dom Paulo Evaristo era sugestivo e revelador: “De esperança em esperança”. A vida é construída de pequenas e perseverantes atitudes e gestos de esperança. Peçamos a graça de caminharmos também nós de “esperança em esperança”, pois o “Reino de Deus está entre vós” (Mc 1,15. E Jesus Ressuscitado , “nossa bendita esperança”(1Tm1,1), caminha conosco pelas estradas de Emaus , aquecendo nosso coração e dilatando nosso olhar .Os profetas já mantinham viva esta certeza: “Há uma esperança para teu futuro” (Jr.31,17). 

Vamos concluir com as palavras do Papa Francisco dirigidas aos consagrados por ocasião do Ano da Vida Religiosa: “A esperança de que falamos são se funda sobre números ou sobre obras, mas sobre  Aquele em quem pusemos nossa confiança (cf.2Tm  1,12) e para quem “nada é impossível” (Lc.1,37). Esta é a esperança que não desilude e que permitirá à Vida Consagrada continuar a escrever uma grande história no futuro...”.

Abracemos, pois o futuro com esperança viva e atuante na ação do Espírito do Ressuscitado.

Pe. Ângelo Avelino Perin, MS

 
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