II PARTE ANTROPOLOGIA DO ENVELHECIMENTO : A TERCEIRA IDADE À LUZ DA FÉ. MISSÃO E DESAFIOS DOS RELIGIOSOS DA TERCEIRA IDADE.

Artigo 029

Segunda Parte do Curso Promovido pela CRB de Curitiba dias 05 e 06 de fevereiro de 2014 – Antropologia do Envelhecimento: a terceira idade à luz da fé. Missão e desafios dos religiosos da terceira idade.  Assessora: Doutoranda Sônia Sirtoli Färber  (Teóloga e Tanatologia). Anotações de: Ir.Maria Clara M. Freitas -Curitiba , 07 de fevereiro de 2014

O apego dificulta as transições. É importante desapegar-se de funções. Permitir-se ao repouso, ao silêncio e à oração como um trabalho essencial nesta etapa de vida. É saudável desapegar-se de coisas, pessoas e ideias.  O desapegado é mais leve para viver como gente que se relaciona, alimenta-se, repousa, exercita-se com alegria a exemplo de Jesus que se fez humano e como nós também enfrentou lutas e lutos.

Todo desapego é morte, e tem um período de enluta mento. Perdemos a excelência, somos transferidos, morrem pessoas queridas, a saúde se fragiliza.

“O luto é uma tarefa física (Todo trabalho físico tem dispêndio de energia) que precisa ser cumprida, sua função é deslocar os desejos e lembranças da pessoa que sobreviveu da pessoa que faleceu”. (Freud, 1913 p.65) 

Segundo Elisabeth Kübler Ross, Psiquiatra Sueca que atuou nos EUA há cinco manifestações de luto. Não se trata de opção – todos passamos por estas etapas, não necessariamente na mesma ordem nem muito distintas. No entanto é importante admitir que luto seja inerente a perdas e vivenciá-lo como parte da vida.

1. Negação/ isolamento
2. Raiva
3. Barganha
4. Depressão,
5. Aceitação

É natural haver negação no momento da perda. “Tempinho para não ficar louca (a)” Cada pessoa vivencia esta etapa com intensidades diferente. Não devemos fazer juízo de valor às emoções manifestadas em momentos de dor.

Sentir raiva é a manifestação da impotência diante do fato. Há raivas generalizadas ou direcionadas ao médico, a quem cuidava da pessoa, ao próprio morto, a Deus, a si mesmo.

A Barganha é a tentativa de negociar , fazer promessas, etc...não havendo solução a tristeza e depressão antecede o passo desejável da aceitação da realidade: A consciência de  que a morte é uma dimensão da existência, desejável a todos. Ninguém quer viver sempre aqui. Morrer é consequência de estar vivo.

Um dos lutos mais complicados é em relação ao suicídio.  No suicídio altera-se a ordem das manifestações, geralmente desencadeando a raiva. No entanto o suicida tem sede de vida.  Pio XII mudou a concepção da Igreja em relação a quem se suicida (1943).  

Os lutos por morte presumida como sequestros, desparecimento, fugas, catástrofes geram ainda maior dor pela ausência de ritual, de fechamento da etapa.

“Sê forte e corajoso, cumpre os mandamentos e Deus cumprirá a promessa” Deus não desiste de nós. Apesar de nossas lutas e lutos não podemos desistir de nós mesmos.

Tipos de perdas:

1. Morte
2. Inocência
3. Violência
4. Abandono
5. Fracasso
6. Rompimentos afetivos
7. Conflitos Sexuais
8. Convivência com pessoa de trato difícil
9. Perda da fé
10. Calúnia
11. Rompimento com hierarquia (pai, mãe, superior (a).
12. Extinção de cargo (Pastoral Função)

O Amor é mais efetivo que afetivo, quando se vive na dimensão da liberdade e maturidade em relação às lutas e lutos.

Reações a luto:

1. Somatização
2. Busca de Explicações
3. Perda do Suporte Social
4. Etigmatização
5. Sentimento de Culpa
6. Sentimento de ter sido rejeitado
7. Atitudes destrutivas
8. Negação e omissão do tipo de morte acontecida.

Realidades que dificultam a elaboração das perdas.

1. Ativismo – acúmulo de atividades podem ser mecanismos de fugas.  A Aposentadoria é uma oportunidade para afastar-se de uma função com a missão de lidar com os próprios limites, perdas.

2. Vitimização - é interpretação distorcida de si, dos fatos e pode gerar “delicio persecutório”. O complexo de inferioridade pode estar a serviço da manipulação.

3. Responsabilizar o outro - é a projeção dos limites particulares em outras pessoas em relação às próprias perdas.

4. Descompromisso com a história pessoal – não podemos delegar ao tempo e ou a instâncias superiores os acontecimentos e vicissitudes da vida a resolução de nossos conflitos. “somos chamados a sermos livres e responsáveis”, comprometidos com nossa missão existencial.

Habilidades que facilitam a Elaboração das Perdas e nos ajudam a vivencia de modo saudável as lutas e lutos de nossa vida:

1. Epimeléia – expressão utilizada da área da saúde para o autocuidado. Capacidade de cuidar de si para cuidar bem do outro. Há muitos casos em que o cuidador morre antes que o enfermo.  Devemos respeitar nossos limites. “Ama o próximo como a ti mesmo”.

2. Resiliência é a capacidade de se refazer dos revezes da vida recobrando o ânimo. É um termo oriundo da física atribuído ao material que dobra, mas não quebra, voltando inalterado à forma original após a pressões. Capacidade de sofrer stress, perdas e voltar ao normal.

3. Assertividade – Ser autêntico sem magoar, nem ser agressivo. “Diga não às guerras, mas dizei-o com flores”.(menino do dedo verde) Dizer sim quando quer dizer não é prejudicial. Dizer não com delicadeza, negociar, dialogar. Não é saudável ser da Pastoral da “Penca”.  Faça pouco, porém bem feito. O velho ditado de atribuir mais uma função a quem tem muito porque sempre acha tempo para mais alguma coisa, não condiz com atitude assertiva. Acumulo de atividade é mecanismo de defesa.  Ser assertivo é ser maleável, nem rígido nem indisponível.

Na crise há três Cs que devem interagir: Caos, Confronto e Criatividade. Em outras palavras, nas crises tire os Ss: Crie.

Diante da morte aprendamos da Mãe que diz: “Aceite a morte para que nos reencontremos como família no céu” (II Macabeus, 7,29).

Cristo é o Primogênito dentre os mortos e Ressuscitou. “Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã. Temor não há. Eu bem sei que meu futuro está nas mãos do meu Senhor que Vivo Está!”.

Anotações de Ir.Maria Clara M. Freitas.

 
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