“Para mim, o viver é Cristo” (Fl 1,21)
A Vida Consagrada é a humilde jornada para Deus confiando na sua providência, seguindo apaixonadamente o Cristo sob a criatividade do Espírito Santo. Os consagrados e consagradas entendem que o Bom Pastor precisa deles com um amor apaixonado, encarnado, sensível, em santa amizade e fraternidade pelo Reino.
São homens e mulheres que encontram as famílias pelo mundo, ressignificando suas origens, crentes de que são escolhidos para ser luz e bênção. Partem do Criador, que os envia a espalhar a bondade, passam seguros pela metamorfose da existência e um dia, após concluir sua nobre missão retornam ao abraço do Misericordioso.
Na escuta do chamado feito pelo Ressuscitado, sobem o Monte Tabor com dedicação e entusiasmo, conscientes de que não será fácil escalar as rochas da santidade, devendo desapegar-se de si e dos pesos que impedem vislumbrar a glória. E, junto ao Transfigurado, na tenda da liberdade podem exclamar com a força do Espírito: “Mestre, é bom estarmos aqui!” (Lc 9,33). Como é prazeroso chegar a Deus, viver em Cristo! Que felicidade estar na presença daquele que é Caminho, a Verdade e a Vida!
Neste último ano, devido à pandemia, a Vida Consagrada sofreu muitos golpes. A força devastadora de um vírus nos tirou muitos irmãos e irmãs que tanto amamos e foram testemunhas do Evangelho com sua identidade fiel. Temos notícias de comunidades que sofreram e continuam sendo vítimas de tanta dor. E o que nos resta? Em cada vida ceifada, vem a consciência de que “somos um só coração e uma só alma” (At 4,32), bebemos do mesmo cálice, somos a vinha de Cristo, experimentamos a desolação, porém, não paramos na cruz. Temos o tesouro da fé, sustentada por Jesus de Nazaré, que rompeu com a prisão da morte e está conosco cada dia renovando nossas forças. Sim, em cada momento, Jesus abre as portas e as janelas e cura nossa tristeza.
Nos irmãos e irmãs que voltam ao céu, um clamor de esperança ressoa em nossas profundezas. Parte de cada um de nós se vai, nos deixando a saudade e a gratidão por terem plantado seus dons como sinal de caridade, por terem nos mostrado o jeito alegre de Cristo.
E nós seguimos do outro lado da margem até o dia em que a sombra do Altíssimo nos envolver e nosso último respiro servirá para o louvor das criaturas. Nosso consolo é o Transfigurado Ressuscitado que nos espera na mesa do banquete. Todas as lágrimas derramadas aqui, no nosso fugaz tempo, enchem as talhas do vinho novo da alegria que são partilhadas na comunhão dos santos, onde veremos face a face Aquele que nos atraiu.
Para o consagrado e a consagrada, o viver é Cristo. Nada nos falta, só Ele é essencial. Sustentados pela Palavra e pela promessa dos novos céus e novas terras, temos a certeza de que na morada eterna seguiremos cantando o hino da vida de mãos dadas com a família do Reino.
A todas as Instituições de Vida Consagrada que estão em luto, recordem-se das palavras de Nosso Senhor: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá!” (Jo 11,25-26). Isto nos conforta para continuarmos nossa sede de infinito, guiados pela luz dos que nos precederam.
Que nossos falecidos intercedam por nossos Institutos e o Senhor nos abençoe com novas vocações. Bem-aventurados os que os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados nossos irmãos e irmãs que deram sua vida por Cristo e contemplam o Deus amor na plenitude. Bem-aventurados somos nós que acolhemos as renúncias, a morte e o sofrimento com sentido de ressurreição, pois nada jamais nos separará do amor de Cristo.
Esta é a homenagem da CRB-Regional Curitiba, a tantos e tantas Consagrados/as que doaram suas vidas pelo Reino de Deus em nossa Regional do Paraná. Nossa gratidão pela vida doada, e permanecemos unimos com orações pelas Congregações.
Paz e bênçãos!
Pe. Nilton Cesar Boni cmf
