Ultimo POSTULINTER 2020

No dia 05 de setembro de 2020, pela manhã, aconteceu o último encontro do Postulinter deste ano. Participaram formandos/as de diversas congregações da Regional Curitiba. O assessor foi o professor Dr. André Phillipe Pereira, que abordou o tema: Iniciação à Doutrina Social da Igreja. 

A irmã Marizete fez a abertura com um momento de oração, pedindo as luzes do Espírito Santo, desejou as boas vindas a todos e passou a palavra para o professor André.

Ele iniciou lembrando que todos nós, enquanto seres humanos partilhamos da existência de Deus, do seu ser. E o cristianismo é uma religião universal, e os cristãos estão a serviço de todos os povos da terra, de todos os tempos. Outro aspecto muito importante é a unidade, a comunhão com o corpo de Cristo.

A Doutrina Social da Igreja (DSI), é um conjunto de escritos e mensagens que compõem o pensamento do Magistério católico a respeito da chamada “questão social”. Tem como objetivo transformar a sociedade com a força do Evangelho, impregnando-lhe dos valores cristãos. É o anúncio de uma visão global do homem e da humanidade e a denúncia do pecado de injustiça e de violência que de vários modos atravessa a sociedade. 

O ensinamento social cristão tem como princípios básicos o amor, a dignidade inalienável da pessoa humana, a solidariedade, a primazia do trabalho sobre o capital, a destinação universal dos bens, a subsidiariedade, a participação, a promoção do bem comum e a relação pessoa-sociedade. Grandes temas da doutrina social são: a família, o trabalho, a vida econômica, a política, a comunidade internacional, a proteção do meio ambiente e a promoção da paz. 

O ensinamento social católico tem o valor de um instrumento de evangelização. Anuncia e atualiza a mensagem de Jesus Cristo em campos fundamentais da vida do homem. Esteve presente desde as origens da Igreja. O pensamento social dos Santos Padres se condensa na tese de que a riqueza pertence aos pobres; aquele que a possui é apenas seu administrador. São Clemente (†102) afirmava: “O uso comum de tudo que há nesse mundo destinava-se a todos, porém, devido a iniquidade um disse que isso era seu e o outro disse que aquilo era dele e assim fez-se a divisão entre os mortais”. Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino também tratou muito sobre este tema.

A partir da Idade Moderna, com a revolução industrial e as descobertas técnico-científicas aumentou ainda mais as desigualdades entre ricos e pobres. Cresceu também o desinteresse dos católicos ricos pelos mais pobres.

Neste contexto, surge o primeiro grande documento da doutrina social da Igreja, a Rerum Novarum (1891) aborda a questão operária no fim do século XIX. Nele, o Papa Leão XIII denuncia a penosa situação dos trabalhadores das fábricas, afligidos pela miséria, num contexto profundamente transformado pela revolução industrial. Depois da Rerum Novarum, apareceram diversas encíclicas e mensagens referentes aos problemas sociais.

Desde 1891 até hoje, a doutrina social foi um ensinamento constante por parte de todos os papas. Em 2004, foi publicado o Compêndio de Doutrina Social da Igreja, organizado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz, que apresenta de forma sistemática o conteúdo da doutrina social da Igreja produzido até aquela ocasião. Seu propósito é religioso, visa orientar o comportamento dos cristãos para que atuem com justiça e caridade. 

A DSI tem como fundamentos ou fontes: a) Clamor dos oprimidos; b) Palavra de Deus que ilumina a realidade; c) Sabedoria do magistério da Igreja; d) Prática de cristãos e comunidades: surgem soluções criativas e novas organizações; e) A produção teológica; f) A contribuição da ciência; g) A abertura à riqueza inesgotável de pessoas, culturas e povos distintos; h) Uma mística ou espiritualidade em que, diante das tensões e conflitos possa ser ao mesmo tempo encarnada, libertadora ou inculturada.

Podemos distinguir duas grandes etapas na formulação da DSI: a primeira, o período de Leão XIII até o Vaticano II; A segunda etapa, depois do Concílio até hoje.

A Doutrina Social também procurou ser encarnada e atualizada na realidade de cada país. No Brasil, foram diversos os documentos publicados pela CNBB abordando questões sociais, políticas, sobre o trabalho, a terra, etc. Nestes, os cristãos são chamados à participação na política, ao compromisso com a humanização da vida, com a justiça e a opção preferencial pelos pobres. 

Podemos sintetizar o Ensino Social da Igreja nas seguintes grandes propostas: articulação entre a dimensão religiosa e social da vida; dignidade e centralidade da pessoa humana; direitos políticos, econômicos e sociais; opção pelos pobres; promoção do matrimônio e da família; amor e justiça se integram e complementam; promoção do bem comum; princípio da subsidiariedade; participação política; salário justo e justiça econômica; prioridade do trabalho sobre o capital; direito de propriedade; destinação universal dos bens; função social da propriedade; princípio de solidariedade; promoção da paz; empenho pela libertação.

As ações voltadas à realização do bem comum, no campo econômico, sociocultural e político só terão eficácia se forem inspiradas nos princípios evangélicos. Cabe a cada cristão, em comunhão com a Igreja, discernir e aplicar essa doutrina às situações concretas de cada época e lugar.

Ir. Dalva Nurmberg 
Cong. das Pequenas Irmãs da Sagrada Família

 
 
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